Gerenciar riscos é uma das
tarefas mais complexas em Segurança do Trabalho
Cada um dos elementos que abaixo descrevo é sobre proteção de quedas e deve ser do domínio do
trabalhador.
Diariamente em todo o mundo
trabalhadores são colocados em situações de trabalho em altura. A qualquer
momento um trabalhador fica perto de um desnível, escala uma torre, acessa um
telhado ou pega um elevador, situações onde há um inerente risco de queda.
Para muita gente, parece que
uma forte ancoragem, meios apropriados de conexão e cintos, não deveria haver
mais mortes, e apenas pequenas lesões resultariam de quedas de altura.
Infelizmente, o cenário mais
comum é ver um trabalhador estendido no chão depois de uma queda portando um
simpático novo cinto e anel, mais do que nada. Porque isto? Nós temos a
tecnologia, o equipamento e a proteção contra quedas, como um todo não é
difícil de entender.
Portanto, o que é básico em
proteção de quedas?
Infelizmente, nem todos os aspectos de
proteção de quedas podem ser aplicáveis para cada cenário a qualquer tempo.
Com
isto em mente, listei abaixo o que constitui os 10 elementos básicos para uma
bem sucedida proteção de quedas, como ferramenta de referência rápida.
1. TREINAMENTO E EDUCAÇÃO
Embora isso pareça ser um
princípio geral, treinamento e educação são fundamentais e básicos de tudo o
que deve ser entendido para segurança em altura.
Tipicamente a causa de
acidentes relacionados a queda está diretamente influenciada por ausência ou
limites no treinamento que a vítima tenha recebido.
Parece que o foco recai na
função do equipamento e assim os trabalhadores ou estão esquecendo ou nunca
foram treinados ou educados sobre os princípios básicos de proteção de quedas.
A chave para entender o
trabalho em altura é saber quanto de treinamento prático e educação é
necessário para uma pessoa retornar ao solo de forma segura.
Em primeiro lugar,
saber se o teste de demonstração de queda executado por um especialista de
vendas da empresa que fabrica os equipamentos pode ser considerado um
treinamento adequado ou o trabalhador teria que ter 40 horas de treinamento em
uma sala de aula apropriada com testes e exercícios de proficiência.
Isto
seria, é claro, um equilíbrio que levaria em conta as tarefas e riscos para os
quais os trabalhadores seriam expostos
bem como quanto tempo é gasto no trabalho em altura, sendo portanto vital para
a segurança dos trabalhadores.
2. IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS
Esta pode ser a mais importante
consideração quando lidamos com qualquer matéria ligada à segurança. Se o risco
não é propriamente identificado, então qual será o plano para neutralizá-lo?
O usuário final terá que estar
apto para identificar o risco de queda de forma apropriada, o que, na maioria
dos casos estará praticamente evidente.
Entretanto, existem situações em que
isto não está muito claro; e pode continuar desapercebido; ou, o que é pior, há
um elemento de complacência que fica sendo incorporado através dos anos quando
se faz o mesmo trabalho do mesmo jeito.
A habilidade de
realizar a tarefa naquele momento de reconhecimento do risco fica obscurecida pelo
medo de que o sistema de resgate irá tornar a tarefa mais difícil, ou então que
a tarefa vai ficar mais demorada, ou um sistema simplesmente nunca será usado
para realizar a tarefa, ou seja, não será necessário. Todas esses 3
pressupostos podem ter consequências catastróficas.
3. HIERARQUIA DE CONTROLES
Uma vez que o risco tenha sido
identificado, a habilidade para encontrar uma solução adequada e confiável para
o risco que seja fácil de utilizar, efetiva, e que tenha um custo apropriado
parece fazer parte do senso comum.
Mas uma vez que esteja ausente uma
hierarquia de controles em ordem – engenharia de exclusão do risco; proteção
tradicional para quedas; sistemas de contenção de quedas; ao lado de
características específicas para o trabalho – é muito comum acabar levando a
reações instintivas, o que resulta em sistemas inadequados ou a instalação de
um sistema abaixo dos parâmetros.
4. ENERGIA
Proteção de quedas tem tudo a
ver com energia A energia gerada em uma queda precisa ser distribuída de tal
forma que não irá anular a ancoragem ou provocar lesão no trabalhador.
Trabalhadores precisam saber as limitações do sistema de forma a que não se
exceda a quantidade máxima de energia que possa ser distribuída através de seus
componentes.
Energia em excesso pode levar à
destruição das ancoragens, falha de conexões, desenvolvimento de energia extra
absorvida pelo sistema e potencialmente uma lesão devastadora para o usuário
final.
Só existem duas forma de que essa energia seja reduzida durante uma
queda: primeiro, pela redução do peso da queda, e segundo, pela redução da
distancia da queda.
Nenhum desses fatores deve ser excedido. Exceder esses
fatores cria uma situação onde a performance do sistema não pode ser prevista.
5. INSPEÇÃO APROPRIADA DE
EQUIPAMENTO
Equipamento de proteção de
queda deve ser inspecionada antes de cada uso assim como sofrer uma inspeção
anual desenvolvida por alguem diferente do usuário final do equipamento.
Além
disso, as inspeções devem ser documentadas em um prontuário, para uma
referência em uma data posterior, caso seja necessário.
Claro que os fabircantes e a
legislação ultimamente tem determinado a qual intervalo um equipamento de
resgate deve ser ijnpsecionado, mas dependendo da frequência de uso e o
ambiente, aumento do número de inspeções pode ser necessário.
As instruções de
fabricantes e regulamentos sempre devem ser consideradas como o mínimo a ser
observado.
Consequências fatais geralmente ocorrem como resultado do usuário
final preferir utuilizar uma peça de equipamento que está fora dos padrões ou
que deve ser removida de serviço, apenas porque ele se sente confortável
utilizando-o.
6. CONEXÕES COMPATÍVEIS
Muitas pessoas acreditam que
eles sabem lidar com isso. Entretanto, muitas falhas documentadas de sistemas
podem ser diretamente relacionados com falhas nas conexões por mal uso ou uso
para uma finalidade para a qual a conexão não estava indicada ou para uma
situação não testada.
Novos parâmetros aumentaram a
resistência dos engates e correntes, em um esforço para combater essas falhas.
Isto não significa que esses dispositivos sejam inquebráveis. Com alavancamento
apropriado e energia suficiente, qualquer coisa pode ser quebrada.
A única forma para combater de
verdade o problema é educar o trabalhador e assegurar que ele entende a
diferença entre conexões compatíveis e incompatíveis.
Ao fazer isto, o
trabalhador pode reconhecer problemas de compatibilidade e desenvolver ações
corretivas que assegurem a segurança.
7. FLEXIBILIDADE DA ANCORAGEM
Esta é provavelmente a
característica mais importante quando se olha a compatibilidade de conexões.
Se
a ancoragem é flexível, então em muitos casos durante uma queda, o sistema irá
se alinhar ela própria em uma configuração adequada, mesmo se o sistema não for
geometricamente desejável.
Veja o exemplo de um grande gancho metálico em um
pequeno ponto de ancoragem: é a flexibilidade da ancoragem que irá prevenir a
ocorrência de uma alavancagem.
8. DESOBSTRUÇÃO
A mais básica premissa sobre
proteção de quedas é a desobstrução. Não deve haver nenhum ponto ou que o
sistema seja utilizado que permita alguém bater no solo se uma queda vir a
ocorrer. Isto pode ser facilmente observado em muitas construções residenciais.
O trabalhador tem um cabo de segurança vertical em que não há necessidade de
ajustes e este ajuste irá permitir ao trabalhador cair sobre o desnível ou do
teto e atingir o solo se ele cair.
9. ANCORAGEM
Para resgate de quedas e
sistemas de contenção uma ancoragem de adequada resistência que seja compatível
com o sistema de resgate em uso é sempre necessária.
Em muito casos ancoragens
são instaladas em materiais frágeis e podem não satisfazer os requerimentos de
engenharia.
Muitos usuários não são engenheiros e não entendem que justamente
devido à ancoragem ser desenhada para uma determinada resistência isto não
significa que esta escala seja atingida no substrato em que ela será conectada.
10. COLOCAÇÃO DA PROTEÇÃO
Colocação apropriada do cinto
trava-quedas e do talabarte é fundamental para a proteção do usuário. Muitos
trabalhadores não sabem vesti-lo de forma adequada; isto poderá ser devastador
em caso de uma queda e criará lesões que de outra forma poderia ser facilmente
evitáveis.
Vestir-se e realizar os ajustes irão proteger o trabalhador durante
a queda e após a queda, e é muito importante devido à espera antes que um
resgate possa ocorrer.
A ordem na qual nós colocamos
essas idéias básicas a respeito de proteção de quedas pode ser colocada de
várias maneiras e argumentos válidos podem ser mencionados para cada uma dessas
configurações.
A ordem pode não ser importante quando a concordância
de que esses princípios básicos são prioridades.
É importante lembrar que em
função do tempo e do tipo de acidente presentes em uma indústria, a ordem e importância desses elementos básicos sobre proteção de quedas poderão mudar.
O
que não muda é o fato de que é essencial para a segurança para aqueles que trabalham
em altura é que cada um desses princípios básicos seja do domínio do
trabalhador, do usuário final.
Esses tópicos, ao lado de
outros variados e importantes aspectos de proteção de quedas, precisam ser
registrados, entendidos e refinados para as específicas necessidades do
usuário, de forma a que seja o mais efetivo e confiável.
Este artigo aparece em Janeiro de 2013, no
site Occupational Health & Safety.
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